terça-feira, 29 de julho de 2008

MÉTODOS CONTRACEPTIVOS (1ª parte)

O objectivo principal da contracepção é impedir a gravidez.
Alguns métodos, como a pílula ou a esterilização, são quase 100% eficazes. Outros métodos têm uma menor eficácia.
Na escolha do melhor contraceptivo para ti e para o teu parceiro, devem ser tidos em conta alguns factos. Alguns métodos podem ser mais interessantes para ti, ou mais adequados para outras fases da tua idade fértil.


Os principais factores de selecção são:
A tua idade e estado de saúde, uma vez que determinados métodos contraceptivos não são aconselhados ou indicados em determinadas situações clínicas;
O teu perfil de actividade sexual. Põe exemplo, tens um relacionamento estável ou diversos parceiros sexuais? Com que frequência tens relações sexuais?

Existem diversos métodos contraceptivos à escolha, e um destes será o mais adequado para ti e para o teu estilo de vida. A informação seguinte ajudará a rever as opções disponíveis e qual a informação mais importante a ter em conta.

MÉTODOS HORMONAIS

Existe disponível uma grande diversidade de contraceptivos hormonais. Embora a dose e o modo de administração possam variar, estes geralmente actuam de forma semelhante.

A contracepção hormonal altera duas coisas importantes:
-Impedem a ovulação, pelo que não ocorre a libertação de qualquer óvulo,
-Alteram o muco da vagina, pelo que em vez de estar fino e facilitar a penetração dos espermatozóides, torna-se espesso e pegajoso.

Vantagens:
-Os métodos hormonais são a forma mais segura de protecção contra uma gravidez indesejada,
-São uma forma reversível de contracepção; a mulher pode ficar grávida assim que interrompa a sua utilização;
-Fácil de utilizar;
-Existem diversas opções disponíveis, com formas de aplicação diferentes (comprimido, adesivo, anel, implante, injecção);
-Benefícios de saúde adicionais, por ex., melhoria da pele e do cabelo, períodos menos abundantes e mais curtos, diminuição da queixa de dor menstrual.

Desvantagens:
-Não protegem contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST`s), pelo que deve também ser utilizado um preservativo;
-Algumas mulheres sentem efeitos secundários – enjoos, náuseas, spotting (pequenas perdas de sangue ao longo dos primeiros meses, mas que desaparecem espontaneamente).

Pílula combinada:
As tradicionais pílulas combinadas são as mais conhecidas, contendo um estrogénio e um progestagéneo.
Existem diferentes tipos de pílula, mas na maioria dos casos os comprimidos tomam-se diariamente, durante 21 dias consecutivos, seguidos de um período de 7 dias de pausa.

Neste espaço de tempo, ocorrerá a hemorragia de privação que é como se fosse uma “menstruação”. Findo o período de pausa, recomeça-se uma nova embalagem no 8ª dia, mesmo que ainda haja alguma hemorragia. A segurança contraceptiva mantém-se todos os dias do mês, mesmo durante o períodos de descanso se 7 dias!

A pílula deve ser tomada sempre à mesma hora e sem mastigar.

O que fazer no caso do esquecimento de um ou mais comprimidos?
Se o atraso for inferior a 12 horas, tomas comprimido assim que te deres conta do esquecimento e continuas a tomar a pílula normalmente, tomando o comprimido seguinte à hora habitual.
Se o atraso for superior a 12 horas, deixar o comprimido que foi esquecido, continuar a tomar a pílula, utilizando, durante 7 dias outro método contraceptivo associado (preservativo).



Pílula só com progestagéneo
A pílula sem estrogénio toma-se sem interrupção – toma contínua – diariamente, o que significa que tomas comprimidos também durante a menstruação e que não há pausa entre as embalagens.
Deverá ser tomada todos os dias, à mesma hora ou não será eficaz: um atraso de 3 horas na toma habitual obriga a utilização de um método suplementar durante os dois dias seguintes; no caso de esquecimento, os procedimentos são idênticos aos da pílula combinada.
Podem provocar hemorragias irregulares. Por outro lado, algumas mulheres não têm qualquer hemorragia.


Injecção hormonal
A injecção hormonal contém apenas progestagéneo. É administrada por um enfermeiro uma vez de 12 em 12 semanas. Actua de forma semelhante ao da pílula, isto é, inibe a ovulação.
É de longa duração, não exigindo o compromisso diário da mulher.


Pode provocar atraso de alguns meses no retorno da fertilidade. Pode ser recomendada, por ex., quando os estrogéneos não estão indicados, no caso das mulheres que não sejam capazes de tomar os contraceptivos hormonais com regularidade e recusem o Dispositivo Intra-Uterino, sejam fumadoras com mais de 35 anos de idade ou portadoras de deficiência mental.

Implante
É uma pequena cápsula de plástico contendo um reservatório de progestagéneo que é inserida na parte superior do braço através de uma mini-cirurgia realizada por um médico. O progestagéneo é libertado em pequenas doses e o implante é eficaz 3 anos. Pode ser removido em qualquer altura por mini-cirurgia.
É particularmente adequado para mulheres que pretendam uma contracepção a longo prazo.
A fertilidade retorna à normalidade quando o implante é removido. Um benefício adicional é que pode também reduzir os períodos abundantes e dolorosos.


Adesivo contraceptivo
O adesivo contém estrogéneo e progestagéneo e é colado no abdómen, coxas, nádegas ou parte superior do braço. As hormonas são libertadas continuamente, penetrando na corrente sanguínea através da pele. Previne uma gravidez inibindo a ovulação e espessando o muco cervical.
O adesivo deve ser retirado e substituido a cada 7 dias, durante 3 semanas, seguido de uma semana de intervalo sem a sua aplicação.


Importante:
-Não aplicar o adesivo sobre as mamas,
-A pele deverá estar limpa e seca;
-Não deve ser aplicado em pele vermelha, irritada ou com golpes;
-Evitar colocar, todas as semanas, no mesmo local;
-Aplicar só um adesivo de cada vez (retirando o usado antes de aplicar o novo)

Vantagens.
Apenas tens que te lembrar de mudar uma vez por semana o adesivo. Em caso de vómito e diarreia, o efeito contraceptivo não é colocado em causa.

Anel vaginal
Fino, discreto, oferecendo uma baixa dose hormonal em circulação, inibe a ovulação, com uma óptima eficácia, semelhante aos outros métodos hormonais.
O anel vaginal contém uma associação de estrogénio e progestagénio e é inserido na vagina, pela mulher. Mantém-se colocado durante 3 semanas e é depois removido, para uma semana de pausa. Nesta semana de pausa, surge uma hemorragia.
Ao 8º dia, a mulher deve colocar um novo anel vaginal e assim sucessivamente.

Se o anel sair da vagina?
O anel pode ser expelido acidentalmente da vagina durante um esforço excessivo. Se isso acontecer, a anel deve ser lavado com água fria ou morna e voltar a ser inserido. Mas atenção, o anel não pode permanecer fora da vagina mais do que três horas.

Contracepção de emergência
A pílula de emergência pode ser tomada até 72 horas depois de uma relação sexual não protegida. Pode conter uma associação de estrogénio e progestagénio ou apenas progestagénio.


A contracepção de emergência actua primariamente retardando ou inibindo a ovulação. A sua eficácia depende do intervalo de tempo entre o coito não protegido e o uso desta pílula.

Deve ser só aconselhada em situação de emergência – relação sexual não protegida ou quando outro método de contracepção tenha falhado (por ex., preservativo rasgado ou pílula esquecida).

Helena Bento

Bibliografia:Direcção Geral da Saúde- Programa Nacional de Saúde Reprodutiva -Saúde Reprodutiva Planeamento Familiar, ed. revista e actualizada. Lisboa, 2008